segunda-feira, 28 de janeiro de 2013


VAMOS DISCUTIR O NUCLEAR EM PORTUGAL
Em Portugal, atualmente, não se produz energia nuclear, nem possuímos projetos governamentais para que Portugal inicie a sua produção a curto prazo. Com a elevada procura pelo minério, urânio, Portugal está a ser foco de alguns estudos por parte de empresas internacionais, visto que, atualmente, a produção nacional de urânio nas minas da Urgeiriça destina-se, na sua totalidade, à exportação, dado que o país não possui centrais nucleares.
O nuclear pode e deve ser pensado sem prejuízo de outras formas energéticas.   A possibilidade de se construir uma central atómica não deve ser marginalizada. É uma opção que deve estar em cima da mesa. Basta pensar a Finlândia, um país bem gerido, iniciou já um programa de construção de centrais nucleares.
A produção de eletricidade barata é importante não só para o desenvolvimento sustentável da nossa sociedade, mas também para produzir hidrogénio por eletrólise da água, o qual poderá ser a solução, em conjunto com os biocombustíveis, para o importante sector dos transportes.
Cientistas portugueses especializados em nuclear enaltecem os benefícios deste tipo de energia por ser mais barata, limpa, potente, economicamente competitiva e abundante e por os riscos a ela associados estarem cada vez mais distantes.
A não instalação de uma central nuclear em Portugal é uma oportunidade perdida e não posso deixar de enaltecer as suas vantagens, muito mais do que as pequenas desvantagens:
A saber: – Vantagens da energia nuclear:
  • A operação normal de um reator nuclear não conduz à libertação de gases poluentes para a atmosfera, não contribuindo quer para o efeito de estufa quer como causa de chuvas ácidas;
  • não polui o ar com gases de enxofre, nitrogénio, particulados, etc.;
  • não utiliza grandes áreas de terreno: a central requer pequenos espaços para sua instalação;
  • não depende da sazonalidade climática (nem das chuvas, nem dos ventos);
  • pouco ou quase nenhum impacto sobre a biosfera;
  • existem jazidas de combustíveis que permitem a operação das centrais nucleares durante muitos anos;
  • é a fonte mais concentrada de geração de energia;
  • é uma energia de baixo custo;
  • a quantidade de resíduos radioativos gerados é extremamente pequena e compacta;
  • a tecnologia do processo é bastante conhecida. 
                                                                                                                    Carlos Moás

                                                       “Atoms for peace

11 comentários:

  1. PERCEÇÃO PÚBLICA SOBRE ENERGIA NUCLEAR

    Numa sociedade democrática, as decisões devem depender de um debate envolvendo toda sociedade mas e, naturalmente, da opinião dos técnicos.
    Nos últimos 100 anos tem havido um aumento substancial da emissão de gases para a atmosfera, levando a sociedade e governos a iniciativas como o Protocolo de Quioto.
    Os especialistas afirmam que a energia nuclear pode contribuir muito para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa.
    No debate que a sociedade deve fazer, é importante saber o que a sociedade pensa sobre o tema energia nuclear.
    A perceção da energia nuclear pela população é muito superficial. As informações provêm da imprensa, raramente de estudos, fazendo com que ela seja desconhecida, temida e rejeitada. Em geral, as pessoas não sabem defini-la, mesmo parcialmente, nem conhecem a maioria das suas aplicações.
    Desde o início, a energia nuclear tem suscitado as mais diversas reações junto das populações em geral. Reações de incredibilidade, admiração, desconfiança, rejeição e ódio.
    Com as bombas atómicas de Hiroxima e Nagasaki e os acidentes e incidentes nucleares, a energia nuclear e tudo o que com ela esteja relacionado, passou a ser questionado e, logo após, houve intensas campanhas de combate à sua utilização.
    A imprensa certamente foi a maior responsável pelo preconceito em relação à energia nuclear. As notícias de caráter sensacionalista geraram uma imagem negativa de tudo que tenha o termo nuclear associado.
    Em geral, a fonte de informações invariavelmente citada, o ponto de referência do saber, é a imprensa: jornais, televisão, revistas. Nunca uma aula, um livro ou uma revista de divulgação científica! Os jornalistas, incluindo os de colunas científicas, não costumam ter uma boa formação em ciências e, assim, o valor científico e a credibilidade das informações veiculadas na imprensa são duvidosas.

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  2. Algumas das questões que espero trazer para a discussão no debate são:
    • a energia nuclear é uma fonte de energia barata e/ou segura?
    • a energia nuclear é uma alternativa aos combustíveis fósseis na produção de energia?
    • a energia nuclear é indispensável ao desenvolvimento?

    Seja qual for a sua opinião sobre esta questão, se quiser contribuir para enriquecer este debate, que se quer informativo e construtivo, conto com a sua participação neste blog:

    debatenuclear.blogspot.com

    Um estudo da OCDE (http://www.oecd-nea.org/ndd/reports/2010/nea6862-comparing-risks.pdf) revela que o número de mortes por unidade de energia produzida por vários tipos de fontes energéticas: o mais mortal é o carvão; o menos mortal a energia nuclear. Este estudo faz também uma comparação entre os riscos associados a várias fontes de energia e é uma leitura útil para preparar o debate.

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  3. Durante um almoço promovido, em 2010, pelo Fórum para a Competitividade, em Lisboa, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, advogou o lançamento de um "debate sério" sobre a opção pela energia nuclear, em Portugal, de forma a reduzir "a dívida e a dependência energética nacional".

    Então?

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  4. A nossa dependência energética ronda os 80%, constituindo um grave atentado à nossa soberania pois estamos a recorrer a um bem que vem de fora para produzirmos os nossos próprios bens.

    Chegou a hora de apresentar as razões que justificam ser a alternativa nuclear a resolução do problema da dependência energética de Portugal.

    Tenho recebido apoios, através das Redes Sociais, mas sem contributos para este tema. Continuo à espera que não fiquem fora deste debate.

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  5. Dez coisas que deve saber sobre fusão nuclear

    No passado mês de fevereiro, ficámos a saber que cientistas americanos anunciaram sucesso na obtenção de uma reação de fusão nuclear que produziu mais energia do que a que consumiu. Fique a saber alguns factos essenciais sobre esta revolucionária forma de produzir energia.

    1. As estrelas sempre foram fonte de inspiração para poetas e sonhadores. E também para os cientistas que trabalham em fusão nuclear. No interior de estrelas como o nosso Sol, a matéria está sujeita a condições extremas : a temperatura é de muitos milhões de graus e a pressão é um bilião de vezes maior que a da nossa atmosfera, graças à enorme força da gravidade. Núcleos de átomos de hidrogénio são obrigados a apertar-se uns contra os outros, de tal forma que ultrapassam a repulsão natural e se fundem, libertando energia que ilumina e aquece todo o sistema solar. Da próxima vez que estiver um dia ensolarado, lembre-se disto.

    2. A matéria no interior do Sol não é sólida, nem líquida, nem gasosa. Merece estar num estado à parte, conhecido como "plasma" . Se pensa que plasma é só um aparelho de TV de alta definição, não é bem isso: trata-se de um gás no qual, além dos átomos do costume, também pululam partículas como iões e eletrões, com carga elétrica. Longe de serem raros, vemos plasmas (naturais e artificiais) em todo o lado, desde coisas corriqueiras como as lâmpadas fluorescentes e os pixels dos écrans de plasma (está a ver?) até às espetaculares como as auroras boreais e os relâmpagos. Da próxima vez que estiver a trovejar, lembre-se disto.

    3. Repetir o processo de fusão nuclear na Terra é uma tarefa bastante complicada. Há 80 anos, o físico Ernest Rutherford conseguiu pela primeira vez fundir dois núcleos de uma variante (os cientistas chamam-lhe "isótopo") do hidrogénio chamada deutério. Hoje em dia o "combustível" mais comum consiste numa mistura de dois isótopos , o deutério e o trítio. A receita é a mesma que o Sol usa: conseguir criar as condições para apertar os dois ingredientes durante o tempo necessário para que haja fusão.

    4. Apesar dos nomes invulgares dos dois isótopos, eles existem em abundância . O deutério pode ser extraído da água dos oceanos, e o trítio pode ser produzido a partir do lítio, que por sua vez existe na forma de mineral em rochas. Bastam 150 kg de deutério e 2-3 toneladas de lítio (cabem ambos num modesto camião) para fornecer a energia elétrica necessária para sustentar um milhão de pessoas durante um ano. Excelentes notícias, exceto para quem lucre do comércio de petróleo ou de carvão.

    5. Há quem fique assustado ao ouvir a palavra "nuclear" junto a "fusão", e pense em acidentes, explosões, e materiais radioativos a verter para o ambiente. Nada disso acontece na fusão nuclear . A dificuldade de criar a reação garante que, em caso de perturbação, ela pára espontaneamente. E não há resíduos radioativos de longa duração, como no caso dos reatores atuais baseados em fissão nuclear. E quanto a libertação de dióxido de carbono para a atmosfera? Só se for a do tubo de escape do camião.

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  6. 6. Durante as últimas décadas, uma das principais abordagens que os cientistas têm tentado para atingir e controlar a fusão é a chamada fusão por confinamento magnético . Consiste em usar campos magnéticos e elétricos para aquecer e delimitar um plasma de hidrogénio. Um dos aparelhos mais populares para esta abordagem chama-se tokamak, termo que vem da expressão russa para designar uma "câmara toroidal com um campo magnético axial". Confuso? Pense na forma de um donut, dentro do qual circula o plasma, e é tudo o que precisa.

    7. Outra abordagem que os cientistas têm experimentado é a fusão por confinamento inercial . Consiste em utilizar um grande número de feixes laser de alta energia para comprimir uma minúscula esfera, dentro da qual está o combustível de fusão. A gigantesca energia dos lasers é concentrada num intervalo de tempo muito curto - milésimos de milionésimos de segundo - e, claro, viaja à velocidade da luz. É utilizada para irradiar a esfera simultaneamente de todos os lados, o que a faz implodir sob a pressão luminosa, aumentando a densidade no seu interior até que se dá a fusão dos isótopos. Não deve ser nada agradável.

    8. O tokamak mais potente da atualidade chama-se JET - Joint European Torus , fica no sul de Inglaterra, implantado no meio de uma bucólica paisagem, e é explorado por um grande número de parceiros europeus, entre os quais Portugal tem um papel distinguido . O JET detém o recorde atual de potência produzida por fusão: em 1997 gerou um pico de 16 megawatts - mais ou menos o necessário para alimentar um porta-aviões - se bem que apenas por breves segundos.

    9. Está agora em construção o tokamak mais ambicioso de sempre: chama-se ITER , sigla de International Thermonuclear Energy Reactor, e fica no sul de França, implantado no meio de uma bucólica paisagem. O ITER prevê gerar 500 megawatts de potência. Dado o nível tecnológico e o grande investimento necessários (é um projeto científico internacional numa escala sem precedentes), há sete parceiros envolvidos: a União Europeia, os Estados Unidos, a Rússia, o Japão, a China, a Índia e a Coreia do Sul. Apesar de naturalmente menor, Portugal continua a ter um papel distinguido.

    10. A maior experiência de fusão por confinamento inercial atualmente em funcionamento é o NIF - National Ignition Facility , e fica na Califórnia, implantado no meio de uma... bom, já percebeu a ideia. Com o tamanho de três campos de futebol, e um total de 192 feixes laser, é o maior "instrumento" ótico já construído. Foi de lá que cientistas americanos anunciaram esta semana ter conseguido obter um ganho de fusão nuclear: mais energia emitida que a utilizada para iniciar a reação. Um grande passo, mas ainda longe do objetivo de todos os que trabalham nesta área: a produção sustentada de energia utilizável, a partir da fusão do núcleo. Quando esse sonho for atingido, representará uma das maiores conquistas da humanidade. Da próxima vez que contemplar o céu estrelado, lembre-se disto.

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  7. "Se tiveres a impressão de que és pequeno demais para poder mudar alguma coisa neste mundo, tenta dormir com um mosquito e verás qual dos dois impede o outro de dormir."
    Dalai Lama

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  8. A revolução das consciências ....Precisa-se.

    Gostavas de ter este Cadillac? Go to: https://fbcdn-sphotos-a-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash3/t1.0-9/1620672_585868811499868_1221542838_n.jpg


    Pois este carrinho é movido a energia nuclear, que utiliza laser de tório, um material radioativo que pode ser isolado por uma simples lâmina de alumínio, como fonte energia para alimentar um gerador elétrico com turbina vapor. Este motor é capaz de dar autonomia ao carro durante 500.000 quilómetros com apenas oito gramas de material.
    A Cadillac criou este protótipo em 2009 mas teve de engavetar o projeto...

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  9. Apesar de apenas 3 países, a China, os EUA e a Índia, serem os maiores poluidores em termos de dióxido de carbono contribuindo com quase metade (47%) do total das emissões mundiais, todos os países, incluindo Portugal, devem procurar reduzi-las. Limitar as emissões significa proteger a nossa vida. É uma atitude moral e, numa visão de futuro, poderá ser uma solução económica para o País se passarmos a utilizar energia nuclear, ecologicamente correta, hoje com perigos menores. A radioatividade usada corretamente pode sim gerar benefícios.

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  10. Com oito gramas de tório (Th) é possível produzir mais energia do que um veículo poderia usar em toda a sua vida, sem a necessidade de reabastecimento.
    Acredito ser uma questão de tempo. Quando isso acontecer, não haverá petróleo, e emissões – nada. Não sei é se as empresas petrolíferas que faturam milhões com a exploração de petróleo deixarão isso acontecer…

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  11. A energia nuclear é uma fonte de energia limpa, segura e competitiva. É a única fonte de energia que pode substituir a dos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás) que poluem massivamente a atmosfera e contribuem para o efeito de estufa.
    Se quisermos ser sérios sobre as mudanças climáticas, devemos promover o uso mais eficiente da energia, usar energias renováveis - eólica e solar -sempre que possível, e adotar um estilo de vida mais sustentável. Mas isso não será suficiente para retardar o aumento de CO2 atmosférico e satisfazer as necessidades da nossa civilização industrial e as aspirações dos países em desenvolvimento. A solução nuclear deve ser implantada rapidamente para substituir o carvão, o petróleo e o gás nos países industrializados e eventualmente em países em desenvolvimento.
    Uma combinação inteligente de conservação de energia e energias renováveis para locais aplicações de baixa intensidade e energia nuclear para produção de eletricidade de carga básica, é a única maneira viável para o futuro.


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